A mensagem foi publicada esta terça-feira no site do Museu
Nacional de Arte da Ucrânia, em Kiev: “Devido aos eventos ocorridos na Rua
Hrushevskoho a exposição do museu estará fechada a visitantes. Todos os eventos
previstos para esta semana foram cancelados.”
Com os violentos confrontos que no fim-de-semana terão
envolvido cerca de 100 mil pessoas, as ruas da capital ucraniana tornaram-se
num campo de batalha entre os apoiantes do Governo pró-Rússia, os opositores
que defendem uma aproximação do país à União Europeia e a polícia. A zona à
volta do museu tornou-se numa das mais violentas da cidade, com centenas de
pessoas feridas devido ao arremesso de pedras, disparos com balas de borracha e
gás lacrimogéneo e a explosão de cocktails Molotov, que atearam fogos.
Já na segunda-feira, três dos mais altos responsáveis do
museu tinham publicado online um apelo dirigido ao Presidente ucraniano, ao
primeiro-ministro e a todo o Governo nacional, bem como aos membros da
oposição. A directora-geral, Mariia Zadorozhna, a curadora principal, Juliya
Lytvynets, e a representante do sindicato dos trabalhadores da instituição,
Maryna Skyrda, assinaram uma carta aberta em que pedem a todos os manifestantes
que “evitem acções que possam ameaçar o edifício do museu – um monumento de
importância nacional e com uma colecção de arte única, bem conhecida em todo o
mundo”.
No documento, que ainda está online, lê-se: “Tendo em conta
a escala e seriedade do perigo que ameaça o Museu Nacional de Arte da Ucrânia
pela escalada dos conflitos civis e das acções na vizinhança do museu, pedimos
a todos os lados que: tenham em mente a responsabilidade de preservar a herança
cultural nacional; evitem acções intencionais ou acidentais que possam
danificar o museu e a área envolvente; ajudem o pessoal do museu a cumprir a
sua missão”.
Com uma colecção de cerca de 40 mil obras, o Museu Nacional
de Arte da Ucrânia teve a sua primeira exposição em 1899 e foi oficialmente
inaugurado em 1904. Os seus acervos atravessam a história da arte desde o
século XII à actualidade, reunindo tanto ícones de origem bizantina como
pintura medieval dos séculos XIV a XV, pintura barroca e as várias transições
nas artes visuais ucranianas a partir da figuração do século XIX e das
vanguardas do princípio do século XX num conjunto que continua a ser ampliado e
actualizado com as primeiras décadas do século XXI.
Segundo uma notícia publicada esta quarta-feira pelo The Art
Newspaper, no fim-de-semana a polícia de choque terá acendido uma fogueira na
escadaria do edifício neo-clássico do museu para tentar manter-se quente
durante a noite. Ainda segundo esta publicação, Vladislav Pioro, o presidente
do Center for Museum Development, terá avisado já que “mil anos da história” da
Ucrânia estão sob ameaça.
Segundo a mais recente mensagem da direcção, o museu
permanecerá fechado até nova indicação.