Para além do Impressionismo | M8



Georges Seurat, Modelo de Costas, 1887, óleo sobre madeira, 25X16cm
a) O Neo-Impressionismo
Entre as criticas feitas, na época, ao Impressionismo estava a acusação de esta pinturanão concretizar , com rigor, a teoria da cor. De facto, o imediatismo de execução da pintura impressionista tornava os seus autores negligentes e intuitivos na aplicação da cor, sobrepondo pinceladas e sujando as cores. Foi o desejo de fazer evoluir o Impressionismo no sentido do rigor na aplicação das novas teorias cientificas da cor que originou o Neo-Impressionismo.

Este surgiu das reflexoes de Geoges Seurat (1859-1891) que "descobriu" um novo método de exucução que consistia em reduzir as pinnceladas a pequenas manchas arredondadas - que evoluiram para minusculos pontos (pontilhismo) - de cor pura não misturada (divisionismo), a cientificamente colocadas umas ao lado das outras de acordo com a lei das complementares. Estas manchas cromáticas deveriam misturar-se, a uma certa distância, no olho do observador.
Com este método, reflexivo e seguro, a representação do instante luminoso passou a ser elemento secundario do quadro, aumentando, em contrapartida, o jogo da harmonia -  o ritmo, a simetria e o contraste.
Os temas continuam a ser os da vida citadina, das paisagens maritimas e das diversoes, tratados em grandes telas, executadas em ateliers a partir de estudos ao ar livre. O desenho é requintado e severo conferindo individualidade plástica a cada figura; a expressividade é de grande tranquilidade e irrealidade.
Para alem de Seurat, distinguem-se no Neo-Impressionismo Paul Signac (1863-1935), seu discipulo, e Pissaro, que aplicou o divisionismo-pontilhismo em algumas obras.
Van-Gogh, A noite estrelada, 1889, óleo sobre tela, 73,5X92 cm
b) O Pós-Impressionismo
O Pós-Impressionismo designa, a posteriori, um periodo artistico que se estende, grosso modo, entre 1880 e 1900, onde se cruzam diferentes tendencias e diferentes autores, na busca de novos caminhos para a arte. Estes derivam do Impressionismo na medida em que separam a pintura da representação mimética da Natureza e negam a necessidade de associar a qualquer mensagem ou conteudo objectivo; interpretam-na antes pelos seus valores materiais especificos - os da cor e da bidimensionalidade. Contudo, criticam os impressionistas pela superficialidade da sua análise ilusionistica da realidade, procurando evoluir para além dela.
Comedores de Batatas, 1885
Um dos contributos mais significativos foi dado por Van Gogh (1853-1890). Nascido na Holanda, iniciou a sua carreira como pintor por um realismo expressionista, como em Os Comedores de Batata (1885). Em 1886 veio para Paris onde, sob influencia de Delacroix e dos impressionistas aprendeu a pintar em cores claras e vibrantes. 
Van Gogh, a Igreja sur Auvers sur Oise, 1890, óleo sobre tela, 94X74,5 Cm
Os ultimos dois anos da sua carreira passou-os na Provença, no Sul de França, e foi ai que encontrou o seu caminho pessoal, na pintura. A vasta obra que deixou define-o como um pintor de desenho anguloso e deformante, cores contrastadas (contrastes simultaneos de cor) e arbitrárias, formas sinuuosas e flamejantes que resultam essencialmente da sua pincelada larga e pontilhada, arrastada e matérica, que incute a toda a sua pintura uma intencionalidade marcadamente expressiva.
Van Gogh, Esplanada de Café á noite, 1888, óleo sobre tela, 70X89 cm
De facto, Van Gogh foi o pintor da angustia da vida, da genialidade e da locura. Personificou a Natureza, atribuindo-lhe estados de alma, visiveis nas suas obras.
Paul Cézanne (1839-1906)
Outro pintor deste periodo foi Paul Cézanne (1839-1906). Aprendeu com Pissaro a técnica  e a estética impressionista, mas rapidamente abandonou em favor de uma pintura  mais reflexiva apoiada na analise detalhada, lenta e laboriosa da luz e da forma ajustando as cores e os tons com grande rigor para, como ele próprio disse: "Do Impressionismo [...] fazer algo de tão sólido e duradouro como a arte dos museus". Na sua pintura - expressa em numerosas paisagens, naturezas-mortas e retratos - associou a luminosidade Impressionista ao rigor da forma e do volume, apercebendo-se que por debaixo da capa exterior das coisas existia um esqueleto sólido que não muda com os cambiantes atmosféricos e que era dado pela geometria: "Tudo na Natureza se modela com esferas, cones e cilindros", disse ele.
Paul Cézanne, A Montanha de Sainte-Victoire, 1904-1906, 71X72 cm
A técnica que utilizou baseava-se na cor, aplicada com pinceladas curtas e finais, orientadas na justa e correcta posição (como os sombreados no desenho), adaptando e corrigindo a Natureza de forma a encontrar o equilibrio e a sua adequada colocação na tela. Apesar de ter executado numerosas paisagens -  entre as quais várias vistas de Montanba de Saint-Victoire -, foi na figura humana que concentrou toda a construção arquitectural das suas composições.
Cézanne, O Rapaz de Colete Vermelho, óleo sobre tela, 79,5X64 Cm
Com a sua inovadora concepção de arte, Cézanne consegue uma pintura plena de autonomia em relação ao motivo que gerou, e cujo sentido de construção seria o ponto de partida para certos movimentos do inicio do seculo XX, como o Cubismo.
Paul Gauguin, 
Uma das tendências artisticas mais importantes deste periodo foi a do Simbolismo, corrente que marcou a arte europei (literatura, artes plásticas e música) principalmente após 1886, data em que o poeta francês Jean Moreás oficializou o Simbolismo na literatura com a publicação do seu "Manifesto".
A arte simbolista aparece como reacção contra o percurso representativo e objectivo da arte vigente - o Naturalismo, o Realismo e o Impressionismo -, valorizando, em oposição, o mundo subjectivo e a interioridade, alcançados pela sublimação da realidade visível. Neste sentido, o Simbolismo repousa as suas raízes próximos no misticismo romântico e nas concepções plásticas dos pré-rafaelistas.
Paul Gauguin, O Cristo Amarelo, 1889, óleo sobre tela, 92X73 Cm
A pintura simbolista baseou-se em estados anímicos e nos sonhos e fantasias, separando definitivamente a Arte da representação da Natureza. Nos quadros simbolistas, os conteúdos - históricos, literários, mitológicos, religiosos, filosóficos ou do quotidiano - eram usados como simbolos, isto é como indicios ambiguos  possuem significados próprios e não reproduzem a realidade natural, mas a realidade espiritual. Por isso abandonaram a pintura de ar livre e praticaram uma arte que não foi fiel ao motivo que lhe deu origem.
Paul Gauguin (1848-1903)
O Simbolismo da segunda metade do século XIX não possui unidade estilistica, abarcando vários grupos de autores. Uma das variantes do Simbolismo foi a corrente criada pelo francês Paul Gauguin (1848-1903).
Guaguin conviveu, em Paris, com os impressionistas e foi iniciado na pintura, tardiamente, por Pissaro. Teve contactos com Cézanne e Van Gogh, mas apesar disso evoluiu na sua arte de modo muito pessoal, reflectindo influências das estampas japonesas e da arte mediaval do vitral na simplificação/sintetização das formas, fechadas pela linha de contorno a negro (cloisonnisme),e preenchidas com cores com cores planas, isto é, sem modelado.
Estas caracteristicas provêm  da sua admiração pelas formas da arte primitiva, ligada a modos de  vida mais simples e ancestrais que Guaguin valoriza face à complexidade das sociadades industrializadas da Europa. Foi a procura da pureza original na vida e na Arte que o levou, primeiro, até à aldeia de Pont-Aven, na Bretanha, onde trabalhou com uma comunidade de pintores aí instalada e, posteriormente, até às ilhas da Polinésia francesa, no Pacífico, onde se estabeleceu até à sua morte. Foi, por isso, o pintor da evasão, da recusa da vida moderna, do exotismo.
Na sua pintura praticou temas retirados da Natureza, mas uma "natureza" orquestrada pelo pintor, explorando o seu caracter alegórico, simbólico, ídilico ou mistico e sujestivo. Este carácter era conferido pelas cores, antinaturalistas, simbólicas, alegóricas e exóticas.
Para Gauguin, a pintura não é a cópia da realidade, mas sim a sua transposição mágica, imaginativa e alegórica. São estas as caracteristicas que fazem deste pintor um simbolista na verdade acepção do termo. A sua arte, que deve reflectir mais do que o aspecto exterior das coisas, serve para revelar o mundo do espirito , dos mitos e da magia . A pintura desenvolvida por Gauguin foi partilhada pelo grupo de artistas que com ele trabalhou na Bretanha - nas aldeias de Pont-Aven. 
Resumo:
O Simbolismo da segunda metade do século XIX teve em pintores independentes como Puvis de Chavannes, Gustave Moreau e Odilon Redon alguns das seus principais figuras.
Chavannes distingiu-se pelas suas obras antinaturalistas e abstractas, Moreau pelo seu uso da cor e temáticas literárias/religiosas e Redon pelo carácter poético e ao mesmo tempo oculto do seu trabalho (o mais simbolista dos simbolistas).
Outro conjunto que se destacou foi o Grupo dos Nabis, pintores decididos a romper em definitivo com o Impressionismo e a preparar o século XX. Estes pintores adoptaram formas simplificadas e decorativas, imagens sintéticas e cores puras, tocando não apenas na pintura mas também na cenografia, na ilustração e nos cartazes, recorrendo a temas intimistas.

Suzanne Valadon deToulouse-Lautrec
Outro nome incontornável do Pós-Impressionismo é, sem dúvida, Toulouse-Lautrec, pintor da vida boémia de Paris. Lautrec partilhou características com os Impressionistas, mas o gosto destes pela pintura de ar livre separou-os. Foi infuenciado pelas estampas japonesas e pelo desenho delicado e linear de Degas, aproximando-se também de Gauguin no uso da bidimensionaidade. Em termos de temática, inspirou-se, naturalmente, na vida boémia parisiense, usando muitas vezes prostitutas e bailarinas como personagens, sempre de forma crítica e brutal.

Auguste Rodin
A escultura, arte inevitavelmente mais lenta e agarrada ao academismo, teve no francês Auguste Rodin o grande inovador do século XIX. Admirador de Miguel Ângelo, herdou deste o gosto pela figura humana e assumiu-se, principalmente, como um excepcional modelador, contrapondo formas lisas e polidas dos corpos de pedra rugosos. As suas peças modeladas, nem lisas nem polidas, revelam-se com superfícies que absorvem a luminosidade e criam uma ilusão de força, dinamismo e vitalidade. Rodin preocupava-se em captar, emocionalmente, a essência dos seus modelos.
As suas principais obras incluíram estátuas individuais (O Pensador), grupos escultóricos (Os Burgueses de Calais), relevos (Porta do Inferno) e fragmentos anatómicos elevados à categoria de obra completa. Rodin tem sido, por isso, considerado um realista, um simbolista, um expressionista e até um impressionista. Foi, acima de tudo, um pintor ímpar e revolucionário, que mudou a escultura.
Na sequência de perturbações ao país, a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do XX ficou marcada por uma estagnação que se reflectiu na Arte, atrasando a chegada de novas correntes. Na pintura, o Naturalismo, sentimental e romântico, que fazia a ponte entre o Romantismo e o Modernismo, manteve-se a corrente mais aceite, trazida para Portugal por bolseiros como António Carvalho da Silva Porto e João Marques da Silva Oliveira, que haviam estudado em França e mantido contacto com realistas e impressionistas.