RENOIR | de falsário a mestre (mas só no cinema)



O Festival de Cannes também é feito de pequenas histórias como esta: um falsário (queremos acreditar que um ex-falsário) condenado a três anos de prisão (pena que chegou a cumprir) entra no novo filme de Gilles Bourdos, Renoir.

Guy Ribes já passa dos 60 e vai emprestar as suas mãos ao "mestre" nas sequências do filme em que Pierre-Auguste Renoir estiver a pintar. O impressionista será  Michel Bouquet, o actor que em 2005 foi o antigo Presidente francês François Miterrand no cinema.

Renoir
 passa-se na Primeira Guerra Mundial e, segundo o diário britânico The Independent, centra-se nos dois últimos anos da vida do pintor, que morreu aos 78. É um período marcado por uma tristeza profunda - Renoir perdera a mulher - e pela incapacidade de criar, até que, graças a outro pintor, Henri Matisse, chega a sua casa Andrée Heuschling, uma rapariga de 16 anos que se tornaria sua musa (foi a modelo de Mulher Loira com Rosae As Banhistas, considerada a sua última obra-prima). 

Quando um dos filhos de Renoir, que viria a tornar-se um dos maiores realizadores de sempre do cinema francês, regressa da frente de batalha para convalescer e se instala na casa do pai, rende-se de imediato aos encantos de Andrée, com quem se casa depois da morte do mestre. 

O filme não podia ter vindo em melhor altura, disse ao Independent o advogado do falsário - depois de ter feito parte de um esquema ilegal que chegou a envolver milhões de libras, Guy Ribes estava a viver na rua quando a produção o contratou.

Oarsmen at Chatou 
1879 - Oil on canvas, 81.3 x 100.3 cm. National Gallery of Art, Washington, DC