CLEMENS VON WEDEMEYER | M10



AGAINST DEATH (FROM:THE FOURTH WALL)

Clemens Von Wedemeyer
Against Death, 2009 
35 mm transferido para Bluray, 9', loop
Still 2
Cortesia das Galerias Kow (Berlim), Jocelyn Wolf (Paris) e do artista

Clemens Von Wedemeyer
Against Death, 2009 
35 mm transferido para Bluray, 9', loop
Still 1
Cortesia das Galerias Kow (Berlim), Jocelyn Wolf (Paris) e do artista
Clemens von Wedemeyer

Against Death (From: The Fourth Wall), 2009

O filme Against Death foi concebido por Clemens von Wedemeyer como parte integrante do projecto The Fourth Wall (2008-2010), cujo título remete para o conceito de “quarta parede” - um muro virtual entre a plateia e o palco ou, num sentido mais abrangente, entre o espectador e a dimensão ficcional do teatro, do cinema ou do vídeo. 

Quando apresentado em conjunto com as restantes obras que integram o projecto, Against Death surge no final do percurso expositivo, assumindo a condição de epílogo, embora também possa funcionar como uma instalação autónoma. Talvez por isso, constitui um notável momento de síntese e de sublimação de um longo processo de investigação sobre o paradigma antropológico de “contaminação cultural”, associado ao contacto entre comunidades indígenas e a civilização ocidental.
Na montagem de Against Death na Sala Polivalente do MNAC – Museu do Chiado, Clemens von Wedemeyer integra ainda outros dois elementos, para uma contextualização mais aprofundada do projecto The Fourth Wall, realizado no Barbican Centre, em Londres: a entrevista a Geoffrey Frand - How to Deal With the Uncontacted? (2009) e o jornal First Contact. Ao confrontar-se com estas pistas de leitura, o espectador tende a inverter a comum dicotomia civilização/selvagem, perante a presumível dissolução do antagonismo entre as culturas do passado e a contemporaneidade.
O filme propõe uma narrativa circular, em torno do diálogo entre um antropólogo e um explorador, que procura demonstrar como se tornou imortal, depois de ter participado num estranho ritual indígena. Mas se, no final, a teatralidade do suicídio encenado parece dissipar a ambiguidade entre documentário e ficção, rapidamente a dúvida se reinstala, porque a narrativa recomeça no exacto ponto em que terminara, e a conversa recomeça novamente… 
Clemens von Wedemeyer confirma, assim, um dos aspectos mais consistentes da sua produção fílmica: a apropriação de recursos intrinsecamente cinemáticos - como o loop – para construir um discurso que explora a barreira invisível entre a ficção do cinema e a realidade física e cultural do observador.