Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros em Lisboa | M2



A História do Sítio
Próximo do Arco da Rua Augusta, a ocupar quase por inteiro um quarteirão pombalino da baixa de Lisboa, situa-se um edifício do Millennium bcp.
Entre 1991 e 1995, no decorrer das obras de remodelação aí efectuadas, a perfuração do pavimento pôs a descoberto estruturas arqueológicas de civilizações que, ao longo dos tempos, habitaram Lisboa.


Pelas suas características únicas - aí se podem percorrer 2.500 anos da História de Lisboa - este espaço, agora designado Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (NARC), sendo um espaço do Millennium bcp, é também património da Cidade e mesmo do País, entendendo-se que, como tal, deve ser acessível ao público em geral.



Período Romano

Reconstituição hipotética do complexo industrial, banhos e via romana

No esteiro do Tejo, área muito sensível a movimentos tectónicos, como assoreamento, aparecem novas formas de ocupação. A partir do século I d.C. instala-se um importante núcleo de preparados piscícolas, que terá laborado até finais do século IV d.C. . As fábricas eram constituídas por tanques - cetárias - de dimensões diversas, poços e edifícios de apoio às unidades fabris. 

 
A área onde se insere o Núcleo destinar-se-ia sobretudo à reparação de conservas de peixe salgado, o que se depreende da dimensão e da presença de ânforas normalmente usadas no transporte do produto. Em plano mais específico, há fortes indícios que levam a concluir, também, da produção de molhos - garum . Outra estrutura que podemos observar trata-se do primeiro mosaico polícromo "in situ" datado do século III d.C. e um complexo de três piscinas, tal como ilustrado pela imagem. 



Período Quinhentista
Período muito importante para a história da cidade de Lisboa, mantendo-se o movimento de transformações urbanas já iniciado. A cidade prepara-se para responder ao desafio da Expansão com o seu intenso comércio, tornando-se um dos portos mais importantes da Europa.

Do período quinhentista vários artefactos existem em exposição, no entanto grande parte ainda se encontra em investigação, destaque para um azulejo sevilhano, como se pode ver na imagem





PeríodoPombalino
O quarteirão pombalino, onde se encontra o Núcleo, insere-se na malha urbana medieval da freguesia de S.Julião, onde se identificaram dois troços de rua dos Carapaceiros e da rua do Chancudo, ruas que subsistiram até ao Terramoto de 1755 .
O Terramoto do dia 1º de Novembro de 1755 marca o desaparecimento de parte da Lisboa Maneirista e Barroca e dos bairros de tradição árabe-medieval da baixa.
O esforço célere de Sebastião José de Carvalho e Melo - Marquês de Pombal - e o seu espírito iluminista permitem que se iniciem rapidamente as demolições, aterros e reconstrução segundo um traçado rectilíneo, dando assim uma nova imagem de cidade que se desenvolve a partir de um eixo, marcado pela Rua Augusta e que liga as duas principais praças da cidade - o Rossio e a Praça do Comércio ou Terreiro do Paço.
As diferentes actividades são organizadas por rua, segundo um preceito medieval. Ainda hoje subsistem, em certa medida na baixa Pombalina, arruamentos que obedecem a esta primitiva organização.
A Baixa Pombalina assenta em terrenos de aluvião, e com o nível freático sempre presente. Desta forma é concebida uma estrutura de estacaria em pinho verde, cravada no nível freático, servindo de embasamento para os alicerces. Pela primeira vez é construída de uma forma sistemática uma rede de esgotos domésticos, dando para o esgoto central sob a rua. Poderão ser vistos exemplos destas inovações no Núcleo Arqueológico. Surge também um sistema anti-sísmico designado por "gaiola", estrutura interior do prédio totalmente construída em madeira de carvalho e azinho.
Embora a vocação da Baixa Pombalina seja o comércio, algumas actividades industriais e oficinais são no entanto reactivadas nesta área da cidade. No núcleo surgiu um forno de tratamento do ferro.

Pia de água benta quebrada ao nível do elemento de fixação à parede. Decorada com dois filetes vegetalistas a partir de um centro