Arte Romana | Cultura do Senado | M2

Arte Romana
Afinal o que é a Arte Romana? O que a distingue da Arte Grega? Na verdade é exactamente a pluralidade de estilos arquitectónicos, linguagens e modelos estilísticos que surge como um dos traços marcantes da Arte Romana. Esta desenvolveu-se durante os quase seis séculos que vão da terceira Guerra Púnica (146 a.C) ao séc. IV d.C., quando sofreu fortes influências por parte da arte etrusca e grega. Contudo, os romanos souberam adaptar tais influências ao seu gosto e criaram um A ARTE ROMANA


Afinal o que é a Arte Romana? O que a distingue da Arte Grega? Na verdade é exactamente a pluralidade de estilos arquitectónicos, linguagens e modelos estilísticos que surge como um dos traços marcantes da Arte Romana. Esta desenvolveu-se durante os quase seis séculos que vão da terceira Guerra Púnica (146 a.C) ao séc. IV d.C., quando sofreu fortes influências por parte da arte etrusca e grega. Contudo, os romanos souberam adaptar tais influências ao seu gosto e criaram um estilo que, embora derivado de outros, não deixa de ser inconfundivelmente romano. Enquanto a arte etrusca era mais voltada para a expressão da realidade, a grega era orientada para a expressão de um ideal de beleza

Arquitectura
A arquitectura romana, pragmática e funcional, ocupou-se essencialmente, com a resolução dos aspectos práticos e técnicas da arte de construir, dando resposta, com soluções criativas e inovadoras, às necessidades demográficas, económicas, políticas e culturais de Roma e do Império. A sua origem funda-se nos legados Ítalo-etruscos e nos modelos gregos e helenísticos, construindo, por meados do período republicano, uma linguagem original. Caracteriza-se pela utilidade, grandeza, solidez, força e poder.
Na sua execução os Romanos usaram materiais tradicionais – pedra, mármore, tijolo e madeira – e, outros, mais económicos e fáceis de trabalhar, o que lhes permitiu maior plasticidade e variedade de formas.



O uso de sistemas construtivos apoiados no arco – pouco usado até aí – permitiu-lhes executar abóbadas, cúpulas e arcadas que possibilitavam ampliar os espaços internos.

Amantes da arquitectura grega, usaram colunas, frontões e entablamentos (por vezes com funções apenas decorativas) e criaram as ordens toscana e compósita, mais exuberantes que as herdadas dos gregos.
O génio inventivo e o sentido prático fizeram da sua arquitectura a arte mais perfeita da Antiguidade.

Arquitectura religiosa
Os edifícios religiosos possuíram, simultaneamente, funções religiosas, políticas e sociais. Assinalavam, pelo seu valor simbólico, os lugares mais importantes das cidades. E cada cidade tinha os seus deuses protectores que exigiam construções com características especiais. Nesta arquitectura destacam-se os santuários, os templos e os altares. 

Os templos romanos tinham características comuns, apesar da variedade de plantas, dimensões e materiais utilizados. Erguiam-se sobre pódios e possuíam um carácter frontal (assinalado pelo pórtico e pela escadaria de acesso) e, em geral, eram de planta rectangular com uma só cella. Na sua maioria não tinham peristilo e não eram rodeados por colunas, sendo estas laterais em paredes opostas ou embebidas às paredes exteriores. As colunas e o entablamento possuíam uma função meramente decorativa.

Templo de Nimes
As basílicas são edifícios multifuncionais, de origem tipicamente romana, que serviram para albergar tribunais, cúrias e outras repartições públicas, como termas, mercados, bolsas de mercadores e palácios imperiais. Eram construções rectangulares, divididas em naves cobertas com abobadas de aresta, cúpulas e semicúpulas sobre as absides laterais. As fachadas eram ornamentadas e combinavam entablamentos e colunas à maneira grega com arcadas à maneira romana.

Basílica de Constantino, reconstituição
Arquitectura de lazer

O Anfiteatro
Os anfiteatros foram as construções de lazer mais populares entre os Romanos. Possuíam planta circular ou elíptica, sem cobertura, erguendo-se à altura de vários andares.Nos anfiteatros eram realizadas as lutas de gladiadores, por vezes entre homens e animais, muito apreciadas pelo povo romano.
O Coliseu era o mais belo dos anfiteatros romanos. O seu exterior era ornamentado por esculturas, que eram abrigadas pelos arcos, por três andares com as ordens de colunas gregas, e a sua planta era elíptica.

Coliseu de Roma
O Teatro
Os teatros eram semelhantes aos anfiteatros na forma e na decoração, mas de menor dimensão.
Diferentes dos teatros gregos, os teatros romanos foram construídos sobre uma estrutura de pilares e abóbadas, possuíam uma cávea semicircular (espaço reservado à plateia), uma orquestra pequena (local destinado às danças, músicos e coros) às vezes ocupada por assentos, e um palco maior com fundo de alvenaria.

Teatro de Óstia Teatro de Marcelo

O Circo
O circo romano era uma das instalações lúdicas mais importantes das cidades da Roma Antiga. Junto com o teatro e o anfiteatro formava a trilogia de instalações de cultura e divertimentos da época.

O circo romano é um recinto alargado, e a maior das instalações destinadas a divertir o povo, com remates circulares nos extremos. A arena, muito alongada, era dividida em dois pela spina formando duas ruas por onde corriam as quadrigas e bigas. Era destinada a corridas, espectáculos e representações que comemoravam os acontecimentos do Império. Nos circos faziam-se batalhas, corridas de cavalos e outras diversões. O circo era inspirado nos hipódromos e estádios gregos mas tinha medidas muito maiores que estes.


O Circo Máximo era a melhor e maior pista de corrida de Roma. Este foi construído num longo vale que se estendia entre as colinas romanas de Aventine e Palatine.

Termas de Caracala
As Termas
As termas, edifícios destinados a balneários públicos, foram locais de encontro e convívio social. Frequentadas por ambos os sexos, continham piscinas de agua quente e fria, saunas, ginásios, hipódromos, salas de reunião, bibliotecas, teatros, lojas e amplos espaços verdes, ao ar livre. Símbolos dos poder político, eram ricamente decoradas. As mais conhecidas são as de Agripa e de Trajano, hoje desaparecidas, e as de Caracala e de Diocleciano.





Arquitectura Urbana
Os Romanos deixaram grandes obras de engenharia, com carácter prático e utilitário, como estradas, pontes e aquedutos. As vias de comunicação, que permitiram a deslocação de soldados e outros cidadãos por todo o império, foram um importante factor de união. Entre os aquedutos, a Ponte do Gard, em França, é um dos exemplos mais conhecidos pela sua beleza estrutural.

Aqueduto Romano, Pont du Gard, França.

Estradas
As estradas romanas formavam vias de comunicação vitais para o Império Romano. Parte delas ainda se conserva hoje em dia, protegidas como Património Mundial ou nacional.

As estradas eram alisadas, com grandes pedras, e bermas delineadas. Eram uma rede de comunicações originária da Península Itálica que ligava Roma ao seu império em expansão.
A Via Ápia é uma das principais estradas da antiga Roma. Recebeu este nome em memória do político romano Ápio Cláudio Cego, que iniciou a sua construção em 312 a.C. Inicialmente a estrada estendia-se de Roma a Cápua, numa distância de 300 quilómetros. Era chamada, em latim, de Regina Viarum (rainha das estradas).

Principais estradas romanas na Hispânia


Arquitectura Privada
A arquitectura privada, menos importante, foi igualmente inovadora e desenvolveu-se segundo duas tipologias distintas: a domus e a villa (ou villae).


Domus Romana
A domus é uma casa unifamiliar, privada. Apesar de, ao longo do tempo, ter sofrido algumas variações – na planta, nas dimensões e nos materiais -, manteve algumas características básicas.


As paredes exteriores eram modestas, feitas de tijolo e ladrilho cozido, e no interior usavam taipa e estuques. Eram geralmente baixas, de um só piso, por vezes dois, e tinha um telhado ligeiramente inclinado para o interior, coberto de telhas de cerâmica. Não tinha aberturas para o exterior, senão a porta principal.


Estava, por isso, virada para si própria e as várias dependências organizavam-se em torno de um ou dois pátios interiores (atrium e peristilo), através dos quais se fazia a circulação das pessoas, a ventilação e a iluminação. A decoração interior era feita com pavimentos de mármore policromo ou de mosaicos, e as paredes das divisões nobres (triclinium, ou sala de jantar, e tablinium) eram decoradas com frescos.

Este modelo de casa variava de acordo com as possibilidades económicas das famílias.

Interior de uma domus Romana
Villae
As villae eram moradias luxuosas construídas fora das cidades, em aprazíveis locais rurais.


Os imperadores e as suas famílias mandaram construir villas grandiosas – palácios imperiais – que também albergavam os criados, as milícias e as comitivas políticas. As mais conhecidas são a Domus Aurea, palácio residencial de Nero, que se conhece apenas por descrições, e a famosa Villa Adriana, construída em Tivoli, perto de Roma.

Villa Adriana

Insulae
Durante esta época foi criada uma outra tipologia de construção, que consistia em prédios urbanos de rendimento, destinados a alojar as famílias mais pobres – as insulae. Tinham, em media, três a quatro andares, mas algumas chegaram a atingir oito pisos. O rés-do-chão, normalmente recuado, era destinado ao comércio feito em lojas abertas para a rua. Os andares superiores tinham uma multiplicidade de pequenos apartamentos – os cenacula.



Verdadeiras colmeias humanas, as insulae, eram construídas em materiais mais pobres – tijolo, madeira, taipa – e tiveram, tal como hoje, problemas de abastecimento de água e esgotos. Estavam sujeitas a incêndios, difíceis de combater, porque os acessos eram estreitos e impediam uma evacuação rápida.
 O mau isolamento térmico e acústico e o exagerado número de andares, associado à estreiteza das ruas, prejudicavam o arejamento e a exposição solar. Verdadeiras construções em altura, possuíam planta funcional, com apartamentos com acesso em galerias ao pátio central, aberto desde o rés-do-chão; nas fachadas rasgavam-se fileiras simétricas de janelas.

Arquitectura Triunfal
O carácter triunfal e histórico dos Romanos levou-os a edificar construções com o fim exclusivo de assinalar, ou evocar, as façanhas militares e políticas de oficiais e imperadores. As colunas honoríficas, como a de Trajano e Marco Aurélio, assim como os Arcos do Triunfo são exemplos ilustrativos desta arquitectura comemorativa.

Arco de Constantino
Arco do Triunfo
Os arcos tinham várias formas e tamanhos e eram intensamente decorados com relevos, colunas adossadas e estátuas alegóricas e honoríficas. Eram colocados quase sempre a meio das vias mais importantes, ou nas entradas e saídas dos fóruns, ou adossados às muralhas das cidades, como pórticos e nas encruzilhadas de caminhos.

Coluna Triunfal
A coluna triunfal era ao mesmo tempo um m
  onumento comemorativo e funerário. A mais famosa é a Coluna de Trajano, característica pelo seu friso em espiral que narra os feitos do Imperador em baixos-relevos no fuste.

Coluna de Trajano
Coluna de Trajano

Urbanismo
Nascido de problemas de carácter político, militar e económico – movimentação das tropas dentro das cidades, passagem de cortejos triunfais e dos abastecimentos urbanos -, o urbanismo romano teve, também, um carácter ornamental e monumental.
A preocupação urbanística centrava-se no traçado das vias principais, que atravessavam as cidades quase em linha recta, e no arranjo dos fóruns, centros políticos, religiosos e económicos das urbes.
reconstituição de uma cidade romana

Fórum
Roma possuía vários fóruns, que se sucederam no tempo, não só porque envelheceram e ficaram desajustados em relação ao crescimento da cidade, mas, também, porque os imperadores quiseram deixar uma marca pessoal, que simbolizasse e eternizasse a sua glória, imagem e poder, como no caso do imperador Trajano.


Reconstituição do Fórum de Trajano
Foi nos fóruns que os romanos edificaram as construções mais importantes. Eles constituem a síntese da arquitectura e da civilização romanas, formando conjuntos únicos e grandiosos, repletos de significado e História.
De maior arrojo urbanístico foram os traçados para as cidades que os romanos construíram de novo, em várias partes do império onde a vida urbana se encontrava menos desenvolvida – Gália, Germânia, Hispânia ...

Escultura
A escultura romana revelou, desde sempre, características realistas, centradas na personalidade do individuo, o que decorre das suas raízes estéticas, ou seja, da arte etrusca e helenística.
A civilização etrusca utilizou o retrato realista, modelando efígies dos mortos que eram colocadas nos sarcófagos e nos túmulos, e nas quais o verismo é muito evidente.
A influência grega chegou a Roma através da importação de obras das colónias, sobretudo da Magna Grécia e da Grécia continental. A cópia de obras de arte grega e, sobretudo, helenística contribuiu para um maior realismo emocional, ao gosto romano, mais pragmático.
O retrato romano surge como um género artístico autónomo, normalmente sob a forma de busto. O seu realismo chegou mesmo a acentuar impeadosamente os “defeitos” e as características fisionómicas dos retratados: olhos, sobrancelhas, boca, barba e cabelo, bem como as marcas do tempo e do sofrimento humanos.


Assim, a escultura romana eternizou a memória dos homens através de imagens reais que evidenciavam o carácter, a honra, a glória e a psicologia do retratado. Estas regras de representação estiveram ligadas, inicialmente, à função religiosa da escultura e ao culto dos antepassados herdado dos Etruscos. Era próprio das famílias patrícias romanas mandarem fazer máscaras de cera dos seus mortos ilustres – imagines maiorum – que depois eram conservadas nos altares de culto doméstico – Penates – as quais, a partir do século I a.C., passaram a ser reproduzidas em mármore.


Por volta do século I a.C., no tempo de Octávio César Augusto e da Pax Romana – o apogeu de Roma -, o retrato sofreu a influência do ideal helenístico, sobretudo no retrato oficial.


Após a sua morte, os imperadores adquiriram o estatuto de deuses, pelo que os seus retratos apresentavam-nos com um cunho mais classicista e idealizado, mais divino, mas também mais grave, de modo a serem admirados e respeitados. Executados em pedra ou bronze ou cunhados em moedas, os retratos eram o reflexo do poder imperial e um elemento de unificação do território, pois circulava por todo o império
As estátuas e as estátuas equestres seguiram a tradição grega e eram reservadas ao imperador e aos chefes militares. Foram usadas por Roma no intuito de servirem as suas intenções documentais, celebradoras e comemorativas.
As estátuas equestres surgiram em grande quantidade no tempo e Júlio César. A única que permaneceu intacta foi a de Marco Aurélio, que, pela sua vigorosa estrutura plástica e pela majestade da imagem imperial, viria a ser uma das maiores fontes de inspiração de reis, tiranos e aristocratas de todos os tempos.


Estátua equestre de Marco Aurélio, século II d.c.

Pintura
A pintura e o mosaico são formas artísticas que melhor documentam o modo de vida e de ser dos Romanos, pois serviram para narrar o seu quotidiano.
A primeira aparece em duas tipologias diferentes: a pintura mural, feita a fresco e a encáustica, que revestia as paredes interiores dos edifícios; e a pintura móvel, realizada a encáustica ou a têmpera, sobre painéis de madeira.
A partir do século II a.C., a pintura teve uma crescente utilização, pois as paredes eram feitas de argamassa e cimento, de aspecto pouco agradável, havendo necessidade de as revestir, depois de preparadas para isso.
As origens da pintura romana remontam aos Etruscos (século VI a IV a.c.) que tinham o hábito de revestir as paredes dos túmulos, e mais tarde, das suas casas. Nessa civilização, a pintura teve duas funções: a de protecção e de embelezamento. Possuía uma grande vivacidade narrativa e uma plástica expressiva, linear e vigorosa.
A influência grega é a mais difícil de caracterizar, porque a pintura grega não chegou aos nossos dias. No entanto, existem referências às pinturas e mosaicos gregos, sobretudo no período da colonização da Gréca pelos Romanos. Outra influência trazida da Grécia foi a pintura a imitar mármores de diversas cores.


A estas influências, os romanos acrescentaram o sentido prático, documental e realista, que caracteriza a sua arte.

A pintura romana distribui-se por cinco temáticas básicas.
A pintura triunfal, feita de cenas históricas – batalhas, feitos heróicos... – que era usada com funções políticas, documentais e comemorativas. Data do século III a.C. e tem origem etrusca. Tal como aconteceu nos relevos, a pintura triunfal recorre, estilisticamente, à narrativa contínua, cheia de pormenores formais. Um exemplo desta narrativa é a pintura que celebra o casamento de Alexandre Magno.
A pintura mitológica foi a mais abundante e incidia sobre os mitos e mistérios da vida dos deuses. As cenas, às vezes muito fantasiadas, são-nos contadas em composições ricas em personagens e colorido.



A pintura de paisagem inspira-se na Natureza e reveste-se de um carácter bucólico e poético. A representação é ora sonhadora ora fantasia e, por vezes, realista.



As naturezas mortas e as cenas de género são pequenas obras-primas de realismo técnico e atenção ao pormenor.



Os retratos, muito abundantes nas casas dos romanos e feitos a fresco nas paredes ou pintadas a encáustica sobre painéis de madeira ou metal; eram admiráveis pelo verismo quase fotográfico e pela sugestão psicológica que provocam no espectador.


estilo que, embora derivado de outros, não deixa de ser inconfundivelmente romano. Enquanto a arte etrusca era mais voltada para a expressão da realidade, a grega era orientada para a expressão de um ideal de beleza

Pinturas a fresco da Villa Lívia, em Primaporta, 20 a.C.


A Poetisa

Algumas perguntas para o Teste de História da Cultura e das Artes | Módulo 2:
1. Marque as fronteiras do Império Romano, desenhe e identifique as principais províncias.

2. Qual a importância urbanística, administrativa, e civilizacional que o Fórum possuía dentro da cidade de Roma?

3. Descreva os principais monumentos do Fórum de Trajano.

4. Qual o papel da lei Romana na coesão do Império?

5. Que informações nos pode dar uma moeda romana? Explique o significado das abreviaturas da moeda de Trajano.

6. Em que actividades os romanos ocupavam o seu tempo de ócio?

7. Caracterize a Domus e os seus espaços interiores.

8. As termas, edifícios destinados a balneários públicos, foram locais de convívio. Descreva o interior das Termas de Caracala e os seus espaços principais.

9. Comente a frase extraída do texto. “A arquitectura romana aliou a resolução de aspectos práticos e técnicos da arte de construir com soluções criativas inovadoras.” Dê exemplos concretos.

10. Defina as quatro fases ou estilos da pintura de Pompeia.