M8. Romantismo | Naturalismo | Realismo | Impressionismo | Neo-Impressionismo | Pós-Impressionismo | Simbolismo | Sintetismo

Romantismo
Movimento artístico e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objectividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjectividade, pela emoção e pelo eu.

William Turner, o Grande Canal-Veneza, 91x122

O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, num sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objectivo.

Temáticas Românticos:

Históricas, Literárias, Mitológicas, Retrato, Temas retirados da actualidade político-social da época, Temas inspirados no mundo do sonho, Costumes populares como feira e romarias, Temas inspirados nos costumes, hábitos e raças exóticas, A vida animal e Paisagem

Modos de execução:
Espontaneidade, Individualismo, Cor sobre o desenho linear, Intensos efeitos sobre o claro-escuro, Óleo e aguarela, Pinceladas largas e fluidas, vigorosas e espontâneas, Na composição observa-se estruturas agitadas e movimentadas, As composições reflectem o trágico, dramático, heróico e Figuras humanas

"Impressão do Nascer do Sol" - A natureza na sua mais estrema beleza
Louis Leroy disse: "Impressão, Nascer do Sol” – "eu bem o sabia! Pensava eu, justamente, se estou impressionado é porque há lá uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha."

Claude Monet (1840-1926)

Impressionismo
O Impressionismo foi um movimento artístico que surgiu na pintura europeia do século XIX. O nome do movimento é derivado da obra Impressão, nascer do sol (1872), de Claude Monet, um dos maiores pintores que já usou o impressionismo. Os pintores impressionistas deixaram se preocupavam com os preceitos do Realismo ou da academia. A busca pelos elementos fundamentais de cada arte levou os pintores impressionistas a pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temáticas nobres ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma. A luz e o movimento utilizando pinceladas soltas tornam-se o principal elemento da pintura, sendo que geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as variações de cores da natureza. A emergente arte visual do impressionismo foi logo seguida por movimentos análogos em outros meios quais ficaram conhecidos como, música impressionista e literatura impressionista.

Características

Orientações Gerais que caracterizam a pintura impressionista: A pintura deve mostrar as tonalidades que os objectos adquirem ao reflectir a luz do sol num determinado momento, pois as cores da natureza mudam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol. É também com isto uma pintura instantânea (captar o momento), recorrendo, inclusivamente à fotografia. As figuras não devem ter contornos nítidos pois o desenho deixa de ser o principal meio estrutural do quadro passando a ser a mancha/cor. As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causa. O preto jamais é usado em uma obra impressionista plena. Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim um amarelo próximo a um violeta produz um efeito mais real do que um claro-escuro muito utilizado pelos academistas no passado. Essa orientação viria dar mais tarde origem ao pontilhismo. As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura de pigmentos. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas no quadro em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se tornar óptica. Preferência pelos pintores em representar uma natureza morta do que um objecto Entre os principais expoentes do Impressionismo estão Claude Monet, Edouard Manet, Edgar Degas e August Renoir. Poderemos dizer ainda que Claude Monet foi um dos maiores artistas da pintura impressionista da época.

Orientações Gerais que caracterizam o impressionista: Rompe completamente com o passado. Inicia pesquisas sobre a óptica / efeitos (ilusões) ópticas. É contra a cultura tradicional. Pertence a um grupo individualizado. Falam de arte, sociedade, etc: não concordam com as mesmas coisas porém discordam do mesmo. Vão pintar para o exterior, algo bastante mais fácil com a evolução da indústria, nomeadamente, telas com mais formatos, tubos com as tintas, entre outras coisas. Os efeitos ópticos descobertos pela pesquisa fotográfica, sobre a composição de cores e a formação de imagens na retina do observador, influenciaram profundamente as técnicas de pintura dos impressionistas. Eles não mais misturavam as tintas na tela, a fim de obter diferentes cores, mas utilizavam pinceladas de cores puras que colocadas uma ao lado da outra, são misturadas pelos olhos do observador, durante o processo de formação da imagem.

Origens

Edouard Monet não se considerava um impressionista, mas foi em torno dele que se reuniram grande parte dos artistas que viriam a ser chamados de Impressionistas. O Impressionismo possui a característica de quebrar os laços com o passado e diversas obras de Manet são inspiradas na tradição. Suas obras no entanto serviram de inspiração para os novos pintores.

O termo impressionismo surgiu devido a um dos primeiros quadros de Claude Monet (1840-1926) Impressão - Nascer do Sol, por causa de uma crítica feita ao quadro pelo pintor e escritor Louis Leroy "Impressão, Nascer do Sol -eu bem o sabia! Pensava eu, se estou impressionado é porque lá há uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha". A expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e seus colegas adoptaram o título, sabendo da revolução que estavam iniciando.

Neo-impressionismo

Após 1886 quase nenhum autor pintava sob os efeitos do impressionismo exceptuando Monet. O Neo-impressionismo, foi iniciado por Seurat e consistiu na evolução do impressionismo no sentido do rigor, utilizando a cor de uma forma sistematizada.

A cor era intuitiva, a técnica utilizada consistia numa mistura óptica designada por pontilhismo, no qual havia uma justaposição de pequenas manchas de cor pura – pontos – que se deveriam misturar com certa distância na visão do observador. As dimensões dessas manchas coloridas dependiam do tamanho do quadro.

O mais importante nas obras era as leis universais e eternas da harmonia – o ritmo, a simetria e o contraste. Os temas são os da vida citadina, das paisagens marítimas e das diversões, tratados em grandes telas, e executados no atelier a partir de estudos realizados ao ar livre. Os pintores mais consagrados desta época foram: Georges Seurat, Paul Signac e Pissaro.

O Pontilhismo (também designado por divisionismo), é uma técnica de pintura, saída do movimento impressionista, em que pequenas manchas ou pontos de cor provocam, pela justaposição, uma mistura óptica nos olhos do observador (imagem).

Esta técnica baseia-se na lei das cores complementares, avanço científico impulsionado no século XIX, pelo químico Michel Chevreul. Trata-se de uma consequência extrema dos supostos ensinamentos dos impressionistas, segundo os quais as cores deviam ser justapostas e não entre mescladas, deixando à retina a tarefa de reconstruir o tom desejado pelo pintor, combinando as diversas impressões registadas.

A técnica de utilização de pontos coloridos justapostos também pode ser considerada o culminar do desprezo dos impressionistas pela linha, uma vez que esta é somente uma abstracção do Homem para representar a natureza.

Esta técnica foi criada na França, com grande impulso de Georges Seurat e Paul Signac, nos idos do século XIX.

Georges Seurat (1859-1891), é aquele que se pode considerar o iniciador desta corrente artística. O seu grande contributo inovador consistiu na decomposição prismática da cor e na mistura óptica que ela provoca, deixando para segundo plano a representação do instante luminoso que tanto havia apaixonado os impressionistas. Suas obras podem ser consideradas o ponto máximo atingido pelo pontilhismo, tal como Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte e a obra-prima inacabada O Circo.

O Circo de Georges Seurat

Pós-impressionismo
Como o nome indica, o pós-impressionismo foi a expressão artística utilizada para definir a pintura e, posteriormente, a escultura no final do impressionismo, por volta de 188, marcando também o início do cubismo, já no início do século XX. O pós-impressionismo designa-se por um grupo de artistas e de movimentos diversos onde se seguiram as suas tendências para encontrar novos caminhos para a pintura. Estes, acentuaram a pintura nos seus valores específicos – a cor e bidimensional idade.

A maioria de seus artistas iniciou-se como impressionista, partindo daí para diversas tendências distintas. Chamavam-se genericamente pós-impressionistas os artistas que não mais representavam fielmente os preceitos originais do impressionismo, ainda que não tenham se afastado muito dele ou estejam agrupados formalmente em novos grupos. Sentindo-se limitados e insatisfeitos pelo estilo impressionista, alguns jovens artistas queriam ir mais além, ultrapassar a Revolução de Manet. Aí se encontra a génese do novo movimento, que não buscava destruir os valores do grande mestre, e sim aprimorá-los. Insurge-se contra o impressionismo devido à sua superficialidade ilusionista da análise à realidade.

Van Gogh - Auto retrato com chapéu - 1887

Os pintores mais consagrados desta época foram: Vicent Van Gogh, Paul Gaugain, Henri de Toulouse-Lautrec, Paul Cézanne, Odilon Redon, Georges Seurat, Eliseu Visconti.
Comedores de batatas
Van Gogh salientou os traços grosseiros das mãos e das faces dos trabalhadores da terra. Em busca de intensidade dramática, explorou a potencialidade expressiva dos tons escuros, da luminosidade barroca e do pincel nervoso. Tais características seriam transformadas radicalmente a partir de sua ida a Paris, no mesmo ano.
"Apliquei-me conscientemente em dar a ideia de que estas pessoas que, sob o candeeiro, comem suas batatas com as mãos, que levam ao prato, também lavraram a terra, e meu quadro exalta portanto o trabalho manual e o alimento que eles próprios ganharam tão honestamente”.

Vemos aqui a consciência do conteúdo social tratado e a preocupação do artista em ser fiel à simplicidade dessas pessoas, não apenas mostrando a pouca comida, mas também a escassez de recursos, tanto na casa como nas roupas simples.

Van Gogh realizou diversos estudos para esse quadro, pintando cerca de quarenta cabeças de camponeses e desenhando diversas partes da composição. Foi sua primeira pintura composta por um grupo de personagens. Os camponeses, em torno da mesa, compõem uma cena fraterna, mas solidária. É o retrato de uma vida sofrida e árdua, tanto no trabalho diurno quanto no descanso nocturno. Para van Gogh, a escuridão também era cor. Ele trabalhou as sombras com azuis que, junto ao interior pouco iluminado pelo lampião, dão um aspecto frio ao ambiente.

A noite estrelada 1889 – Vincent Van Gogh
liberta-se de qualquer naturalismo no emprego das cores, declarando-se um colorista arbitrário. Van Gogh apaixona-se pelas cores intensas e puras sem nenhuma matização, pois têm a função de representar emoções.

Cores fortes e linhas retorcidas, deformação proposital da realidade. O céu mostra uma avassaladora turbulência e a noite envolve tudo. Tudo está em movimento ondulante.Essa tela foi pintada de memória, durante o dia, enquanto o pintor estava internado num sanatório, olhando pela janela….

O fulgor do cipreste que sobe aos céus parece chamas, na busca da transcendência da alma humana.

As estrelas que explodem resplandecem libertas de seu sentido original, causando-nos uma experiência estética que nos obriga vê-las diferentes.Elas parecem, assim como a lua, explodir de energia

Nossos sentidos, ao olhar a obra, parecem estar despertos para o diferente, levando-nos a outras dimensões. O cipreste escuro compensa o brilho da lua no canto oposto, dando equilíbrio e não nos deixa sair das dimensões do quadro, fazendo um contraponto com a torre da aldeia. A forma dos objetos determina o ritmo das pinceladas, um ritmo alucinado e ondulante, indicador de emoção, determinação e força.Segundo Van Gogh, a noite é mais viva e mais ricamente colorida que o dia.

Observar a tela é sentir como se alguém quisesse comungar com a natureza todo seu estado interior, deixando-se levar pelo infinito e buscando explicação para esse borbulhar de emoções que constantemente parece estar aprisionado dentro de um corpo que não consegue conter o que de fato lhe vai na alma.

A sensação que temos é que, tranqüilidade e ternura estão presentes na aldeia por meio da presença humana e nos leva a perceber o contraste das casas humildes com o movimento efervescente das estrelas, que carregam junto de si a lua quarto minguante para o mesmo ondular, obrigando-a a fazer parte de um jogo alucinante e vertiginoso.

A tela dá-nos a sensação de movimento constante.

Cézanne

 

A montanha de Saint Victoire

Cézanne também pintou o género de Paisagem, pelo contacto que teve com o Impressionismo, época em que começou a pintar ao ar livre. Morou em várias cidades, mas preservou seus vínculos subjectivos com Aix-en-Provence. Trabalhou nos arredores, na região de Provence. A montanha de Saint Victoire, que ficava perto de sua casa, exerceu grande influência no artista. Ele pintou (desenhos e pinturas) a mpntanha cerca de 60 vezes.
A concepção de usar a cor como modeladora de formas, procedimento da fase madura do artista, está presente de forma exemplar em A Montanha de Saint Victoire. Nela, o artista edificou a paisagem de forma arquitectónica. Aplicou a tinta em pequenas partes que se encontram em amplas áreas de cor, e elas constroem as figuras e estruturam a composição. Cada parte tem uma função na composição, por exemplo, a profundidade é sugerida pelas variações tonais e de cor. O mesmo ocorre com as formas. A montanha distingue-se e descola-se do céu graças às diferenças entre os azuis. À frente dela, abre-se uma superfície na qual, ao mesmo tempo em que a cor mostra-se fragmentada, o colorido integra-se em um todo plenamente articulado. No céu, chega um pouco do verde da vegetação, e os seus cinzas e azuis espalham-se pela montanha.
A pintura de Cézanne é uma elaboração bastante consciente. Ele observou e pensou o mundo para criar uma nova imagem a partir dele. Deu forma a uma nova configuração visual para a pintura, não mais baseada no naturalismo, na imitação do mundo, ou somente na realidade externa. A busca de novas soluções formais já está presente no Impressionismo, assim como o abandono da intenção ilusória da imagem. Porém, é na síntese e no equilíbrio entre a sensação visual e a consciência objectiva daquilo que o olho vê que Cézanne realiza sua arte e diferencia-se dos impressionistas.
O artista deixa vazar algo que escapa o olhar objectivo, um sentimento de frescor, a densidade do espaço representado. Talvez isso se deva à rapidez e espontaneidade que a pintura ao ar livre exige. Cézanne, mesmo decompondo a paisagem com suas pinceladas amplas e recorrentes, abarca outros elementos do seu tema - como uma certa emotividade luminosa, ou o ritmo do ambiente natural - que vivenciou na relação que manteve com o este amplo modelo.


Natureza-morta com maçãs e laranjas
 Para criar suas naturezas-mortas, Cézanne estudava atentamente a disposição dos objectos que iria pintar. Apesar desse cuidado, a ordenação dos elementos resulta despretensiosa, como neste quadro Natureza-morta com maçãs e laranjas. O artista não pretendeu realizar uma representação naturalista, mas propositadamente expressou-se pelo artificialismo da própria pintura. Cézanne não utilizou o mesmo ponto de vista para construir a perspectiva e preencher o espaço da tela, como ocorre na perspectiva científica. Esse conceito de ponto de vista múltiplo atingirá sua plenitude no Cubismo. Mas, já aqui, a distorção resultante reforça o entendimento de que existe uma grande distância entre realidade e visão, entre o objecto e a imagem criada a partir dele, questão já levantada pelo Impressionismo.

Nesse quadro, as maçãs e laranjas são simplificadas em formas esféricas, definidas pela cor. Basicamente o amarelo e o vermelho modelam a fruta, tornando forma e cor uma única coisa. Assim, em vez da maçã ser uma forma colorida, a cor é usada para formar a imagem da fruta. Uma famosa frase do artista sintetiza seu pensamento sobre a cor: “Quand la couleur est à sa richesse la forme este à sa plenitude”, ou seja, “quando a cor atinge sua riqueza, a forma atinge sua plenitude”. Cézanne incorpora a luz na cor, uma abordagem da iluminação nova na época de Cézanne. Para ele, o volume das formas não depende mais do claro-escuro tradicional. São as cores as responsáveis pela sensação de avanço e recuo das superfícies, como vemos nas frutas desta imagem. Os tecidos, toalhas e cortinas dão um vigor especial ao conjunto, suas dobras criam uma sucessão de planos que se articulam uns com os outros e dão solidez à composição.

Cézanne resgatou o género de pintura de natureza-morta, que havia sido abandonado no século XIX. Diferente das obras do início deste género, durante o período barroco, que, juntamente com as chamadas pinturas de género, visavam abordar o quotidiano da classe média em ascensão, Paul Cézanne encontrava na natureza-morta óptimas condições para desenvolver seu trabalho, na medida em que tinha maior liberdade de interacção com o seu modelo. Diz-se que, muitas vezes, o tempo que o artista levava para realizar uma destas obras era tão prolongado que as frutas chegavam a apodrecer.

Simbolismo

Na década de 1870 ainda dominava as tendências realistas e naturalistas, que privilegiavam a reprodução fiel da natureza e enfatizavam as descrições objectivas, a exterioridade e o quotidiano. Oficialmente, o simbolismo só teve início em 1886, com a publicação, no suplemento literário do jornal parisiense Le Figaro, do manifesto de Jean Moréas, poeta francês.

O manifesto declarava que o simbolismo, na radical oposição ao positivismo, ao realismo e ao naturalismo, era um movimento idealista e transcendente, contrário às descrições objectivas, à ciência positiva e ao intelectualismo O principal órgão da escola foi o Mercure de France, fundado em 1889 e de imediato reconhecido como a primeira revista literária do mundo.

Os representantes da primeira fase do movimento, sob influência directa de Baudelaire e Poe, postulavam também a simultaneidade da criação poética e da criação cósmica. Reclamavam para o artista a condição de intérprete de uma simbologia universal, a ser apreendida por intuição e expressa por alusões ou sugestões, e não pela lógica.

O simbolismo nas artes plásticas, tal como na poesia, apresentava forte misticismo e referências ao oculto. Procurava diminuir o hiato entre o mundo material e o espiritual. Os pintores deveriam expressar, através de imagens, esses temas e essa visão de mundo, desenvolvidas pelos poetas simbolistas em sua linguagem.


Paul Gauguin-Cristo Amarelo, 1889. 92x73cm

Essa obra (1889) é uma das mais famosas pinturas de Paul Gauguin. Nela, o artista retrata o Calvário de uma aldeia perto de Pont-Aven, rodeado de bretões curiosamente representados.

A paisagem da Bretanha, sob o pincel de Gauguin torna-se mais colorida: o Cristo e a paisagem são amarelos e as copas das árvores avermelhadas. As cores estendem-se planas e puras sobre a superfície quase decorativamente
O uso arbitrário das cores opõe-se ao naturalismo.
Gauguin pintou muitos auto-retratos; aqui o rosto de Cristo tem a sua fisionomia.

Sintetismo

Técnica e estética pictórica francesa de fins da década de 1880 baseada no uso de grandes chapadas de cor com contornos vigorosamente cerrados; cloisonnisme. (Oposto à dissolução de formas do impressionismo, o sintetismo, elaborado em Pont-Aven por É. Bernard e Gauguin, influenciou especialmente os nabis e alguns pintores do simbolismo.) Tem origem na pintura de Paul Gauguin e busca a simplificação da forma através de superfícies planas de cor delimitadas por linhas em preto. É outra corrente do Simbolismo. O Sintetismo é chamado também de Neotradicionalismo ou Cloisonnisme (Alveolismo).

Paul Gauguin



Auto-retrato com halo, 1889.

Les Seins aux Fleurs Rouges, ou Deux Tahitiannnes (aux fleurs de mango) - 1889 - 94 × 72.4 cm - Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque.

Características da obra

Gauguin desenvolveu as técnicas do "sintetismo" e "cloisonnisme”. Estilos de representação simbólica da natureza onde são utilizadas formas simplificadas e grandes campos de cores vivas chapadas, que ele fechava com uma linha negra, e que mostravam uma forte influência das gravuras japonesas.

A sua pintura é caracterizada por:

Natureza alegórica, decorativa e sugestiva;
Formas dimensionais, estilizadas, sintéticas e estáticas


Henri de Toulouse-Lautrec

 
Prostitutas, cabarés e cervejarias estão inevitavelmente associados ao nome de Henri de Toulouse-Lautrec, mas aquele que seria reconhecido por retratar a vida boémia e sua degradação foi no início de sua vida um nobre. Herdeiro de uma linhagem aristocrática, ele nasceu em 1864, em um hotel familiar de Albi, no sul da França. Para o seu primeiro filho, o casal Adèle-Zoé e Alphonso-Charles escolheu um nome que homenageava o conde de Chambord, último pretendente legítimo ao trono da França, a quem alguns já chamavam de Henrique V. Mas a família estava fadada ao desaparecimento: bem cedo, o pequeno Henri apresentou uma debilidade óssea que comprometia perigosamente seu crescimento. Em torno dele, inquietação e perplexidade. “Estou mais disponível esses dias porque a minha mãe tirou-me o meu professor para que eu siga o tratamento que já curou meu tio Charles. Estou bem aborrecido de coxear do pé esquerdo, agora que o direito está bom”, rabiscou Henri à avó paterna, Gabrielle.

Rousse, La Toilette. 1989

Mais sofrido, seu irmão menor Richard-Constantin não resistiu. Faleceu em 27 de Agosto de 1868, com apenas 1 ano de idade. A condessa Adèle trancafiou-se em uma religiosidade sofrida, e sua piedade austera cada vez mais contrastava com a excentricidade ruidosa do marido. O conde sempre teve comportamento estapafúrdio: em plena viagem de núpcias, ele abandonou a mulher para caçar, uma de suas paixões. Também adorava se disfarçar e, quando ia a Paris, galopava paramentado como um cruzado medieval. Depois da morte de Richard decidiram separar-se.•

A senhora Toulouse-Lautrec despejou então suas esperanças em Henri. Com ele e por ele, decidiu instalar-se em Paris, em um apartamento do hotel Pérey, na rua Boissy-d'Anglais. Com seu primo Louis Pascal, frequentou o prestigiado Liceu Fontaines, onde conquistou um primeiro prémio em latim e grego. Lá conheceu Maurice Joyant, que seria seu amigo por toda a vida. Posteriormente, lançado à direcção da galeria do bulevar Montmartre, Joyant apoiaria incansavelmente os pintores da vanguarda, como Pissaro e Gauguin, e pressionaria Lautrec a expor suas obras.

Ainda no liceu, surgiu a febre do desenho. Às margens de seus cadernos, que sua mãe fez questão de guardar desde 1873, inevitáveis frisos e croquis, repletos de pastéis e aguarelas. Porém, com a saúde sempre precária, Henri teve de interromper seus estudos.

A paleta foi a sua compensação. “Eu pinto e desenho o máximo que posso, até minha mão cair fatigada”, confessou certa vez. Em 1881, o jovem Henri produziu instantâneos de uma viagem a Nice em seus Cahiers de zigzags, dedicados à prima, Madeleine Tapié de Céleyran. No mesmo período, ele ilustrou Cocotte, conto manuscrito de um amigo que conheceu em Barèges, Etienne Devismes, e formulou os princípios que sempre se esforçou em aplicar: “É impossível não ver as rugas; eu quero inclusive acrescentar pêlos, desenhá-los maiores do que o natural e aplicar-lhes uma ponta reluzente. Quando meu lápis se põe em movimento, eu o deixo correr ou tudo se acaba”.

Mais tarde, retornou a Paris, onde retomou o contacto com um amigo de seu pai, o surdo-mudo René Princeteau. Pintor de animais de Bordeaux, ele o acolheu debaixo de sua asa, e o apresentou a John-Lewis Brown e Jean Louis Forain, com quem Lautrec aperfeiçoou sua educação artística. Conheceu também o pintor académico Léon Bonnat, que, ao abrir-lhe completamente as portas de seu ateliê, não foi exactamente sensível: “Sua pintura não é ruim, é elegante, mas seu desenho é atroz!”. A relação entre esses dois homens não foi das mais calorosas. A tal ponto que, em 1094, então presidente da Comissão dos Museus, Bonnat opôs um veto categórico à aquisição do Retrato de M. Delaporte para o Museu de Luxemburgo.

Quando o mestre fechou seu estúdio, Toulouse-Lautrec aceitou um cavalete no ateliê de Fernand Cormon, depois de muito hesitar. Ainda que esta passagem tivesse lhe aberto os olhos para as técnicas da arte oficial, ele preferia correr entre exposições e salões para admirar o trabalho dos impressionistas e as obras de Edgar Degas, que influenciou imensamente sua pintura. “Vê-se que você é da escola, Toulouse-Latrec”, diria o ídolo ao aprendiz em sua primeira exposição individual, organizada por Joyant. Apesar da referência, ele dizia não pertencer a nenhuma escola: optou pela modernidade. A arte em movimento era seu credo. A ironia, sua força.

Cartaz  com o cantor Aristide Bruant


Famoso por seus cartazes.
O pintor que renegou o passado aristocrático de seus ancestrais e passou a vida retratando as dançarinas de Paris

No Salão de 1884, ele fez um pastiche de Bois sacré, de Pierre Puvis de Chavennes. No mesmo ano, mudou-se para a casa de René Grenier, que havia conhecido no ateliê de Cormon. Estava, assim, finalmente alojado atrás dos grandes bulevares, onde ganharia notoriedade. O bairro era cheio de operários, pequenos comerciantes, aprendizes de pintura, mulheres e vadios. Uma sociedade trabalhadora, livre ou malandra. A esmo pelos bailes, bares e cabarés, Toulouse-Lautrec entreviu a fascinação. Pintou o rosto de Carmem Gaudin (ver quadro), Suzanne Valadon, Hélène Vary. Imortalizou as vedetes da época, como La Goulue, Valentin le Desosse, Aristide Bruant, Jane Avril, Yvette Guilbert. Distribuiu seu cinismo triste nos lugares de prazer de Montmartre, como o Café des colonnes, Le Mirliton e o Moulin de la Galette.

Arte desagradável

Em todo o lugar, Lautrec desnudava um instante verdadeiro, representava o abandono, fixava as misérias. O poder expressivo do seu traço remetia diretamente à interpretação psicológica dos modelos que ele surpreendia e revelava. Mas nem sempre a crítica foi benevolente com Lautrec. Ao contrário, alguns o acusaram de ser um “ser bizarro e contrafeito”, de “chafurdar na degradação” dos botecos ou, mais freqüentemente, de representar “o vício que deforma os rostos, embrutece as fisionomias”. Lautrec desonrava, assim, uma das mais importantes famílias da França, e ela, por sua vez, o reprovava. Porém, seu tio Odon, admirador de pintura, escreveu à mãe do artista: “Henri faz pintura impressionista. Talvez faça seu percurso nesse gênero, mas será desagradável. Para mim, ele é o Zola da pintura!”.

Em 1891, Charles Zidler encomendava-lhe o primeiro cartaz para o Moulin Rouge. Influenciado pela estampa japonesa, entre um público completamente na sombra e uma silhueta fantasmagórica com saliências ossudas, Lautrec representou La Goulue tocando um instrumento, uma figura característica do naturalismo. A audácia da composição e o pleno domínio da técnica litográfica suscitaram o entusiasmo geral e a avidez dos coleccionadores. Em Dezembro de 1891, o retratista, satisfeito, escreveu à condessa: “Os jornais foram muito amáveis com seu filho” .

Em seguida, Lautrec iria radicalizar os princípios do sintetismo, movimento iniciado com Vincent van Gogh (1853-1890) e Félix Valloton (1865-1925): estilização dos tipos, fantasia do enquadramento, contraste das cores, firmeza dos contornos e desenvolvimento do arabesco. Lautrec se impôs como o pai do cartaz moderno e, desenvolvendo uma actividade colossal, trabalhava sem parar. Pintava, expunha, ilustrava programas de teatro (Théâtre Livre e Théâtre de l'Oeuvre) e canções (Maurice Donnay). Colaborava com diversas revistas (Le Figaro Illustré, La Revue Blanche) e realizava colectâneas de litografias, uma dedicada a Yvette Guilbert (1894), outra intitulada Elles (1896), sobre a vida das prostitutas.

Porém, enfraquecido por sua enfermidade, corroído pelo absinto e pela sífilis, ele caminhou para a decrepitude física e mental. Foi visto a perambular sob um guarda-chuva azul, com um cachorro de cerâmica debaixo do braço. E, em 1898, enquanto o príncipe de Gales, futuro Eduardo VII, honrou com sua presença a vernissage retrospectiva que Joyant tinha organizado na Goupil Gallery de Londres, Lautrec dormia num sofá. Os problemas e as crises de alcoolismo se intensificaram. Finalmente, em 17 de Março de 1899, Henri de Toulouse-Lautrec foi internado em Neuilly, numa clínica dirigida pelo doutor Sémélaigne. Durante esse período de isolamento, o doente enviou uma mensagem desoladora ao conde Alphonse: “Pai, você tem a oportunidade de agir como um homem honesto. Se eu permanecer trancado, morrerei”.

Louise Weber, prostituta de 16 anos, foi a inspiração de O salão da rua Moulins

Com a liberdade reconquistada, Lautrec retomou seu cavalete e trabalhou o máximo que pôde. Depois, voltou a morar com a condessa Adèle em Malromé, onde morreu em consequência de um derrame, em 9 de Setembro de 1901. Algumas horas antes, enquanto o conde Alphonse tentava, inutilmente, espantar as moscas do rosto do filho, Henri lhe sussurrou: “Você será sempre estúpido assim!”. E, em um suspiro: “Mãe... você! Apenas você!”. Depois da morte do filho, o conde Alphonse fez de Joyant o herdeiro da obra de Henri. “Não se trata de generosidade transferir todos os meus direitos paternais. A amizade fraternal entre vocês substituiu minha influência frouxa, e seria justo que você ficasse com os direitos”, disse ele, em reconhecimento. De fato, graças à tenacidade do amigo fiel, em 30 de Junho de 1922, foi inaugurado o Museu Toulouse-Lautrec, em Albi



Bailarina sentada. 1890.
Vendida em 1990 por 13,2 milhões de dólares